As tranças de Ana

Ela é a poesia que não escrevi
A flor que não consegui
Fazer florescer

O amor que não vivi
A lua que não vi
Após o anoitecer

A pedra que perdi
A vaidade que não resisti
E me fez enlouquecer

A joia que esculpi
O brilho que escondi
Até perecer

A bebida que não bebi
O fogo que acendi
Sem nada aquecer

Aquilo que perdi
Por nunca permitir
O tempo do nascer

Só então percebi
Que ela sempre esteve aqui
E eu nunca pude ver.

Ricardo Lemos
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