Minha vida é fogo que aquece,
Me visto como um menino,
Me agarro às rotas celestes,
Eu bebo água no agreste
Até que tudo se finde,
Vou percorrendo as estradas,
Eu quero tudo que existe,
Faço a minha jornada,
Não quero a pele gelada
Só quero aquilo que vive,
Fiz um pedido à estrela
Que cortou o céu tão fecundo,
Que todos que vivem no mundo
Aprendam a serem felizes,
A vida passa depressa,
Tudo se vai em um segundo,
Não faço nada com pressa
Se quero sentir o profundo.
Vendi todos os meus pertences,
Andei por muitos caminhos,
Norte, Sul, Leste e Oeste,
Poeira seca cipreste,
E um corpo sedento e faminto,
Subi ao mais alto monte,
Olhei por toda cidade,
Vi nos seus olhos castanhos
Os sonhos de tantos anos
E toda sua mocidade,
Não quero a flor que está morta,
Eu quero a que perfume,
As águas claras dos rios
E todos os seus cardumes,
Quero o frescor das montanhas
Invadindo minha alma carente,
Que sempre está em campanha
Em peleja por vida afluente.
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