Esses pastos verdes, verdes pastos,
em que apascentas e contas, calmamente,
ovelhas e pensamentos.
O olhar, parece infinito,
nesse horizonte verde, contemplativo.
No meu mundo, verde, até as ovelhas, são verdes.
Deito, e meu olhar mergulha nesse oceano verde,
em que águas verdes, neste sol verde, nessa estação verde,
parecem tornar a grama uma praia verde.
A grama, vai e vem, como uma onda verde.
Meu Deus? É verde, tão verde, que parece um verde invisível.
Parece que moro aqui, em uma de suas mansões verdes.
Meu cajado, é verde, que se transforma numa serpente verde,
que habita os mistérios dos mistérios, verdes.
O óleo, com que foi ungido, era verde-oliva.
O cálice, transborda, de vinho verde.
O vento é verde?
O ramo, é verde?
A barca, é verde.
E o cavalo, é verde.
Ou é um unicórnio, da Antiga Índia,
ou Osíris, com sua tradicional casaca verde?
A sua varanda, também é verde.
Tua pele, carne verde, cabelos verdes,
tão verdes os teus pelos verdes...
E a estrela verde, toda esmeralda, existe na amplidão?
A figueira, é verde, tocada pelo vento verde.
O sul verde, indica o norte verde, no tronco verde,
do musgo verde, no sul do mundo, verde.
O gato, nos telhados verdes, é verde, ou são seus olhos?
Tua imagem, no meu espelho, é verde.
Um habitante dos micromundos, afirmou que, em sua terra, todos são verdes.
Nessa madrugada verde, sorvo um mate, que é...
A cigana, no meu mundo, é toda verde,
e eu, na minha intimidade verde, oiço as batidas na porta, verde,
e as garras de um lobisomem, verde,
que veio lá as montanhas que chamam verdes!
Livremente inspirado no Salmo 23 e no poema,
de Garcia Lorca, Romance Sonâmbulo. Para Antônio de La Maria.Bagé, RS, 21 de setembro, Um Poema em cada Árvore.
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