Deus! “Ecce homo”.
Como descrever a obra, o autor, o pensamento,
o pensado, o pensante, a interpretação e o interpretado?
Como entender o suicídio que não é suicídio, mas
que é suicídio na vontade, no desejo, na volição inconsciente?
Como morrer aos poucos, e não morrer?
Como entender os caminhos de Deus pelo universo afora,
feito chapeuzinho vermelho e seu par desossado,
dissecado, travestido de vovózinha,
A vivissecção do lobo mau?
“bones, simple bones”, “Good Bones and Simple Murders”,Margaret Atwood ,contos de fadas reconfigurados?
Onde estás solidão, se o lobo mau está por perto?
Por que o carcereiro está preso com o encarcerado?
Que sangue é esse na areia?
É negrinho do pastoreio;
É guerra, neguinho, MC Marechal,
É o complexo do alemão reconfigurado.
É a nudez em todas as cores e olhares.
Esse poema é uma homenagem para o poeta Luiz Coronel. O poema é uma criação livre, lembrando alguns aspectos da obra e da poesia do poeta de Bagé. É enaltecida principalmente os aspectos religiosos e espirituais, as possibilidades de uma história de vida de um poeta, a bravura indômita dos gaúchos e de outros nas batalhas, observada na cegueira perante a morte próxima, o sentido e a reconstrução de contos infantis, o significado dos regimes totalitários, marcadamente do golpe de 1964, a condição social da etnia negra no país, a nudez em todos os sentidos, o quanto o sangue faz parte da vida cruenta, bem como do próprio amor.Bagé, 16 de julho de 2018
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