Na velhice, quero minhas mãos, assim,
iguais as de minha mãe e minha avó,
símbolo da bondade:
manchadas, enrugadas, cansadas,
com certificado real
de serviço e utilidade,
prontas para servir até o fim.
Não quero mãos inúteis,
tecendo o crochê do mal,
encolhidas, economizadas,
siliconadas, imprestáveis,
incapazes de desfazer um nó,
escravas de belezas fúteis,
prefiro mãos abençoadas,
protetoras e amáveis,
iguais as de minha mãe e minha avó.
 
Ivone Boechat

 
 

 

 

 

Ivone Boechat

Ivone Boechat
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