A lua, astro boêmio, companhia,
Marcada de estrela, mas também cratera
Ilumina de vergonha uma lágrima fria,
E a rejeita, dilacerando-o como fera!
Cupido dos amores, chateada, esta esfera,
Presenciou daquele romântico, reiterada covardia
Que de amor platônico sempre espera
O outro tomar partido, como em fantasia.
Sabendo que o peito lhe abate todo dia
No tino, em par, construiu sua quimera,
Em si mesmo alimentando, tímido, ele caía
Em uma solitária esperança, de vera
Estrelas infindas que a lua reverbera
Uma para cada laço de amor, lunar honraria
Chorou, cadente, a que lhe preparava e venera
Por fim, outro casal que de incerteza não fenecia.
É pela amizade crescente que se escondia
A dor da perda que indecisa o impera,
Cumplicidade fraterna ou paixão arredia,
que silenciou de vez a expectativa que tivera.
Guilherme dos Anjos Nascimento
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