Basta fértil o útero, que se gesta contra a vontade?
Seria, pois, um estupro reiterado na voz e na vez
Se sua mais segura escolha, é somente sua responsabilidade
À mente desenvolvida total autonomia e sensatez.
 
Quantos assuntos de vida alheia se incomoda a religião.
Se meu corpo, minhas regras, é o que se tem por direito,
Há de se desdizer por dogmas o “não é não”?
Como a uma mulher neste estado, se aponta o defeito?
 
Pra o abuso, quando deveríamos dizer “Eu também”,
Estamos a querer perpetuar um crime tão animalesco?
Decidir, pois, os dois futuros nos convém?
Filho gestando na barriga dos outros é refresco!
 

Guilherme dos Anjos Nascimento
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