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*Mote*
*Eu sou a borra da nata*
*No tacho do Sertanejo*.
*Glosas.*
Sou matuto Potiguar
Criado com jerimum
Sou até meio incomum
Gosto muito de caçar
Mato nambu e "prear"
À noite dou meu bordejo
Eu sou grosso e sem traquejo
Não uso ouro, nem prata
*Eu sou a borra da nata*
*No tacho do Sertanejo.*
2.
Eu sou couro de virola
Atiro pedra na lua
Corro com medo de rua
Mas, ninguém me enrola
Com raiva ninguém controla
Ando como um caranguejo
Mesmo assim sinto desejo
De pegar uma mulata
*Eu sou a borra da nata*
*No tacho do Sertanejo.
3.
Sou cavalo de corrida
Atrás de um boi zebu
Mato sapo cururu
Se mijar minha ferida
Tenho a pele endurecida
De lutas que não almejo
Mesmo assim nem pestanejo
Quando entro numa mata,
*Eu sou a borra da nata*
*No tacho do Sertanejo.*
5.
Sou nêgo de pé rachado
Pelas pedras da caatinga
Dos riachos e da restinga
Das pedrinhas do roçado
Dos currais onde o gado
Faz dali seu lugarejo
É onde eu faço o cotejo
E vejo da vaca a pata
*Eu sou a borra da nata*
*No tacho do Sertanejo.*
Natal (RN), 10 de abril de 2020.
Dedé de Dedeca. 🤫🤫🤫
Mote de Heliodoro Moraes, estrofes minhas.
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