"AMIZADE"
Pelas ruas do bairro bicicletas velhas
Carrinhosde lata ou rolimã
Pneus velhos fingindo ser carros
E a amizade de pés no chão
Sujos de barro
Era pique-lateiro
Pau na lata, bandeirinha
Caçar rã, catar girinos no antigo terreno da jorgina
Nas casas em construção
era polícia e ladrão
E de pés no chão sem nenhuma diferença, sem cor ou crença
Apenas meninos, branco e negro
Amigos todos o dias e o dia inteiro
Vimos juntos o asfalto chegar
Mas os pés ainda sem calçar
A molecagem era o que valia a pena
A bagunça a caminho da escola Atenas
O campo 11 de julho e a velha ponte
Sem querer nos apontava um novo horizonte
Mas nunca tão longe de uma amizade que nunca se esconde
Mas o tempo passou, crescemos
Junto da gente cresceu a amizade
Que nunca perdemos
Agora com menos tempo
Trabalho, família, casamento
Entre uma folga e outra
Festas na Tia Maria
Ou simplesmente sentados
na mesma rua da infância batendo papo
Ou dando um tempo
Vieram nossas meninas e o menino Arthur
Com o nascimento deles, nasceu uma nova amizade ou a continuidade
E trabalhamos ainda mais
Para darmos a eles tudo que na infância sonhamos
Mas jamais conquistamos
Hoje temos casa e carro
Temos nossos empregos
Ganhamos nosso dinheiro
E um conforto fruto do nosso trabalho
Mas a saudade ainda é da infância
Dos pés no chão e sujos de barro.
Autor: André Xavier
Poesia escrita em homenagem ao meu amigo irmão Clecius Emanuel, o amigo que vou carregar para sempre comigo, mesmo que estejamos longe.
Você é o melhor amigo que alguém pode ter. Obrigado pelos 39 anos de amizade!
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