Estou cansada de ser usada


Ser estepe encarnada


Encenada pelo astral, pelo carnal e pelo banal


Exaustas de meias verdades e vontades


De lutas perdidas em batalhas vencidas por outrem  


Não quero ser vendida, lacrada e lapidada


Com a desculpa de uma crença em carência


Não sou o ombro amigo perdido e pedido a todas as horas


Não sou a lacuna deixada pela solidão a fora


Não sou medium de relance ao léu   


Meu carma não se chama freelance


Minha mágoa foge ao meu alcance


Tapeada pelas promessas de um futuro distante


Com desculpas esfarrapadas de um presente agonizante


Monge disfarçada à cigana encantada, moça no Egito sacrificada pela satisfação em massa


De cavaleiro da Távola Redonda para madame mal’amada


Criança amordaçada e esfaqueada proibida de chorar


Amigos fantasmas que na madrugada vêm da minha ira zombar


Agora amargura, pois o sonho de declamar em Ágora  


Só chega quando se coloca a deitar


Viciada no sono, se joga no colo de  Morfeu


Desejando ardentemente jamais despertar


Lay Lee
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