VERSO GAÚCHO - Ialmar Pio Tressino Schneider


 
         VERSO GAÚCHO
 
Ialmar Pio Tressino Schneider
 
I
Traduzes no teu estilo,
verso guasca do Rio Grande,
todo o calor que se expande
do xucro peito gaudério,
nas trovas de Tio Lautério
quando Amaro Juvenal
em seu vasto cabedal
como quem floreia um tango
escreveu sobre o Chimango
uma história colossal.
II
Mas as musas campechanas
não pararam de existir,
se o Ramiro nos fez rir,
Aureliano também surge,
quanto mais o tempo urge
os versos feitos por mestre
na soledade campestre
da campanha gigantesca
vem nos trazer água fresca
sob uma sombra silvestre.
III
Apparício Silva Rillo,
grande cantor da querência,
compondo com muita ciência
a poesia da tradição
quando no tosco “Galpão”
coberto de santa-fé
se transforma no pajé
que reúne a peonada
e a própria madrugada
o encontra ainda de pé.
IV
O Jayme Caetano Braun
assim no mais não se encontra
leva uma cinta de lontra
ajoujada na bombacha,
mais parecendo uma faixa
lustrosa e de pêlo fino
que já traz desde menino
como traste de valor,
andando por onde for
que nem guacho teatino.
V
E quatro vates do pago
sintetizo no meu verso,
pois não há neste Universo
quem cante com tanta fibra,
quer na viola quando vibra,
no bandônio, na cordeona
ou no violão que ressona
em fandango e serenata
aos ouvidos de uma ingrata
mui lindaça e querendona.
VI
Ao fechar esta porteira,
dou de rédeas ao gateado
e recordando o passado
também lembro do presente;
ao futuro, indiferente,
eu me largo campo a fora.
Se a sorte não for caipora
na encruzilhada da vida
quero ter por despedida
um verso xucro que chora.
 
Canoas (RS), 16 de setembro de l972.
 
Para a ESTÂNCIA DA POESIA CRIOULA por ocasião do
CENTENÁRIO  de AURELIANO DE FIGUEIREDO PINTO.
no SALÃO MOURISCO DA BIBLIOTECA PÚBLICA
 
Porto Alegre (RS), 6 de agosto de 1998.
 
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Ialmar Pio Schneider
                  
                  
 

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