NÃO AMO MINHA PÁTRIA
Não, não amo a minha Pátria, suja pela corrupção
pela cupidez dos políticos, que não a servem, servem-se!
Não. Não amo a minha Pátria, pela impotência dos juízes!
Não amo a minha Pátria, pela cunha,
pelos modos maneirinhos, do:
-“Eu não concordo, mas já se sabe que é assim”.
Votam sempre na estabilidade, no certinho, no:
-“Não é nada comigo
-“Eu não tenho culpa
-“Não quero saber da política”
-Eu até nem voto comunista nem socialista e até vou à missa”
Não amo a minha Pátria, deserta de homens pátrios
mas cheio de banqueiros; maestros de dinheiros!
Que políticas sociais? Não, para tais não há capitais!
Este país não tem conserto! Apenas muitos concertos!
Depois das Descobertas, eis chegada a vez
de Portugal angolano ou chinês!
Não amo a minha Pátria, onde é só língua,
de tudo o resto muita míngua.
Vem aí a eleições!
A treta do costume! Mas, valha-nos Deus, que para todo o azedume temos Fé, e temos Fátima, para lá ir, a pé, a sofrer a sofrer, sempre a sofrer, mas há sempre quem perdoe, basta pagar!
E se fossemos a São Bento ou a Belém?
Lá há muitos santos, também!
Não fazem milagres?
Porém, também aceitam cera! Pudera!
Minha pátria é só língua, do resto todo míngua!
Valha-nos o excesso da dívida
Somos ricos no dever, milionários no sofrer!
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Autor: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque
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