SILÊNCIO, OUVE-SE BRAÇADAS!

SILÊNCIO, OUVE-SE BRAÇADAS!
Gostaria de estar aqui, contente, sem mágoas,
se não me lembrasse de braçadas,
de vidas, com más sortes, em mediterrânicas águas!

Gostaria d estar aqui, feliz, para dizer-vos algo,
que vos alegrasse,
se de braçadas para a morte não me lembrasse
e de crianças, não embaladas por doces embalos de mãe,
que adormecem, paradas, em gélidas águas
que o Mediterrâneo tem!

Tantos corpos, tantas almas poéticas,
que se lançam às águas, com esperança, que os anima!

Que o embalo das ondas
faça um poema, como boia de salvação,
que lhes salve a vida, para recitarem seu poema
em portos onde chegarem!

Gostaria de estar aqui, contente, mas como?
se ao perto e ao longe morre tanta gente!
E mesmo que a salvo cheguem,
com seus poemas de esperanças feitos,
cheios de poesia, veem que, após chegados,
seus poemas de esperanças não leem,
porque rasgados e logo da exploração feitos escravos!

Gostaria de estará aqui, contente, mas como?
se ao perto e ao longe morre tanta gente,
ou explorada nos corpos e nas almas!!!

Não. Não batam palmas.
Silêncio. Ouve-se braçadas,
de corpos, que nas águas caíram! Ouviram?

Estão a tentar chegar,
para poemas de esperanças recitarem
e da exploração do corpo d'alma escaparem!
Silêncio
...xx...
Autor: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque

Silvino Taveira Machado Figueiredo
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