Desrimo (Paródia de Desafinado de Tom Jobim)

Desrimo (Paródia de Desafinado de Tom Jobim)

Quando eu vou poetar, você não deixa
E sempre vêm a mesma queixa
Diz que eu desrimo, que eu não sei poetar
Você é tão bonita
Mas tanta beleza também pode se acabar


Se você disser que eu desrimo, amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm a leitura igual a sua
Eu possuo apenas o que Deus me deu
e o que pulsa na minha luta


Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-poetal
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é Poesia Nova, isto é muito natural


O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desrimados também têm um coração
Fotografei você na minha lente
Revelou-se a sua enorme ingratidão


Só não poderá falar assim do meu amor
Este é o maior que você pode encontrar
Você com a sua poesia bruta esqueceu o principal
Que no peito dos desrimados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desrimados também bate um coração alado

Naldson Ramos da Costa Júnior
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