Infâmia

Eu sabia o que era infâmia, mas nunca havia parado para pensar que provocar descréditos gratuitos de pessoas e instituições fosse arma letal, algo tremendo, que desestruturasse famílias e levassem indivíduos ao suicídio. 
Ana Maria Machado historiciza o tema e reorganiza conceitos éticos banalizados pela cultura da conveniência. Nesse caso as mentiras são frutos da verdade. Como explicar isso de uma forma concreta para que todos entendam? Muito simples: basta exigir transparência nas licitações do governo. O indivíduo que se mete nisso, querendo saber: “ quanto custou mesmo aquele show?” Já passa a ser alvo de infâmia. É preciso derrubá-lo para que ele não enfie o nariz onde não é chamado. E qual a maneira de fazer isso, sem que não dê na telha? Inventar histórias que o envergonhe diante da comunidade. Essas são as mentiras oriundas da verdade. Inverter papeis, neutralizar os que buscam moralizar a coisa pública. Mentiras usadas para esconder verdades. 
Boa parte de notícias televisivas que trata escândalos no governo está mergulhada nesse emaranhado de intrigas, onde verdades e mentiras se misturam, propositadamente, para confundir, os que ainda não aprenderam a fórmula usada pelos poderosos para derrotar aos que corajosamente buscam o bem comum. 
Cuidar da coisa pública, reivindicando boa administração é importante, mas é perigoso. Só não é perigoso quando todos estão imbuídos do mesmo propósito. Não há como vencer a multidão derrubando a “bastilha” das falcatruas.
O tema não é exclusividade da política, e dos que querem, a todo custo, manter o poder. Pertence, de alguma forma, a todos nós, quando movidos por ciúme, inveja, despeito, irresponsabilidade e medo nos deixamos levar pelas intrigas do dia a dia, acumulando desafetos. 
A Espiritualidade, desde os tempos remotos, reconhecia que a mentira, usada para destruir pessoas, era potente cutelo em sacrifícios. O tema consta nos Dez Mandamentos na frase que diz: “ Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.” 
Basta!
Selma Nardacci