O louco na rua ao representar
um dançarino abestalhado
... Abraçado ao cabo,
demarcava os passos com sua vassoura
e perdido ao sonho do seu fado,
fazia do seu pedaço de rua
o aconchego de uma manjedoura.
Ali, é como ele renascesse para vida
uma vez e outra...
Em cena do invisível, projetava-se ao ar
dando a impressão de leveza
e como-se com seu gestos,
pudesse voar.
Como se, tomado pela felicidade
gesticulava, abria-se em sorriso
e dava viva, a vida de sua cidade.
As vezes gritava... Dancem, dancem
... Dancem esse dia
a vitoria da saúde
o poder da alegria,
o gargalhar de uma criança
o arco-íres do momento,
dancem... A chegada das rugas
a imortalidade da infância
o sonho do amanhã
a permanência da esperança.
Dancem, dancem... Dancem esse dia,
... O fim do sarcasmo
a falência dos pensamentos tropos
o esquecimento da discórdia
os atos nobre do morto.
Dancem, dancem...
Dancem com paixão
O sopro da vida
a vinda da coerência
o pulsar do coração.
Antonio Montes
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