Saio de manhã,
vou à rua olhar como vai a vida,
o cão de sempre, a loja de sempre,
os mesmos namorados, será o mesmo amor?,
bom dia, vida, bom dia, sol,
me atrapalho na calçada quebrada,
ouço o locutor vendendo camisetas à preço de banana,
sigo meu caminho com o olhar voltado para as coisas da rua,
o bilheteiro entregando a sorte em bilhetes premiados,
não me ocupo com filosofias e com notícias políticas,
o mundo é o mesmo, alguém vende armas,
alguém compra, alguém mata, alguém morre,
me sento na barbearia e adeus barba,
como pão com manteiga e bebo café,
por dentro tudo em paz,
por fora tudo em guerra,
a música vem de longe, do carro que passa,
mulheres à preço de banana,
homens em corpores fracos, mentes insanas,
ando em busca da banca de jornal,
compro o jornal mais barato,
amanhã vou comer peixe,
desligo minha conexão com a máquina do mundo,
desço a ladeira de braços estendidos,
bom dia, sol, bom dia, vida,
abro os braços e velejo no barco dos acontecimentos,
feliz por fora, feliz por dentro...
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