O amor anatômico não suporta gordura,

nem o espaçamento de dobras,

nem fritura;

se recolhe ao íntimo de sua magreza,

avaro, em si perde a beleza,

prefere o escuro da noite escura...

 

O amor tem olhos viciados em ossos,

por mais belo que seja o pudim, diz, não posso;

come a cor que se propaga,

seus dentes a si mesmos afagam...

 

O amor de silhueta

prefere, da pipa, a vareta,

sabe que lá fora o sol está criando

mas prefere dizer que, n'algum dia, quem sabe,

só não sabe quando...

 

O amor comprimido

sente que seu lar é um vidro

onde pode viver seu medo instantâneo

dentro de um pavor oceânico...

 

O amor assim

é como a flor que nasceu no jardim

mas sonhou nascer num vaso,

dentro de casa, por acaso...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Prieto Moreno
© Todos os direitos reservados