Tempo de ir se despedindo da vida,
aos poucos, sem pressa nem letargia,
gerúndio a divagar em qualquer tempo
colhendo a safra mais esperada,
saboreando o fruto doce e oriundo
de muitos outonos belos e profundos
lacrados na memória, na história
perpetuada de essências vibratórias,
construída a duras penas
ou em situações amenas
em que suor e brisa compõem o aprendizado
num morde e assopra, ri e chora,
sonho que vai e vem
num campo que aflora e deflora.
Tempo de diminuir a marcha,
apreciar cada detalhe que passa
pela visão de quem olha e vê , sente e pressente
o vaivém do tempo que só vai, não vem.
Tempo de respirar aliviada pelo que fez,
ou lamentar o que não pôde e se desfez…
Caminhar devagar numa entrega absoluta,
sem luta, num passeio que se permitiu ganhar,
na malemolência, quebrando o ritmo do dia,
o compasso dominado pelas horas
onde cada minuto é um tempo a cumprir,
onde é punido o segundo que escapulir…
A canção, trilha sonora,
toca suavemente lá fora
a melodia que irradia
relatos de sua história.
(Carmen Lúcia)
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