Então decidi
ser o meu próprio sol,
não mais sentir o vazio do frio
nem a ausência do arrebol…
Ter a verve da vida no coração
a pulsar sem parar, em translação,
toda a sensibilidade que se faz arte
e dela fazer parte… Ou tentar.
Ter no olhar o brilho da estrela
a morrer aqui e nascer acolá
deixando rastros de poeira cósmica
sabendo que vai voltar,
derramando versos que não se aquietam,
transitam esquinas do universo,
transbordam almas a procurar
o ancoradouro mais seguro,
lugar para pousar.
Ser a tinta e o pincel
a me esboçar em tela crua,
esquálidas fragilidades, a granel,
já que aparência engana,
não se perpetua.
Então nua me deixo projetar,
essência do que valeu guardar,
o que ficou sem revelar…
Ser a minha própria estação,
outono ou primavera,
colher o fruto da imaginação,
vislumbrar a flor mais bela.
Brisa a me refrescar no verão,
manta no inverno a acalentar.
Ser a minha consciência
a badalar razão e ciência.
Errar sem abstinência,
mas procurar acertar.
(Carmen Lúcia)
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