LABOR (01/02/2005)

Há campos à frente para revolver a terra,

bem lá distante,atrás do meu cansaço,me volto o olhar

para ver o trabalho que ficou...meu arado sulca a terra e

também as forças dos meus braços,pois devo continuar a ferir

a terra para o futuro da colheita.

Sou aquele que trabalha o campo,sonhador  de sonhos

possíveis e onde uns ainda insisto que se realizem,pois cavo

e ferindo a terra,éis um dia de nela descançar e dai brotar esperanças.

No poente abaixo dos meu olhos embrutecido de poeiras,há restias do sol dourado de tardes amareladas e sombrias

e ao norte de minha cabeça ,ainda desponta o brilho de muitas estrelas plantadas na vastidão

do universo.

A brisa do final da tarde, vem sem pudor lamber suavemente o suor do meu

cansaço,e não posso olhar para trás,porque há medos 

e lembranças com suas raízes à mostra nas fendas rasas da consciẽncia e

não posso temer o passado,nem o presente,mas não posso sustentar

sonhos de um futuro que não existe.

Há restos de frases mal feitas e infelizes nos dizeres,como ervas

daninhas elas nos consomem a consciência do perdão,uma vez ditas

não há voltas para possíveis arrependimentos

Viver é um castigo dos homens,a vida é esse castigo efêmero,a vida

é efêmera pois é curta nos seus cem anos,e cem anos de vida é cem dias

de nada e ficamos sem entender a própria vida que castiga os homens

no seu trabalho.

Das sementes que nesses campos da vida lancei,umas se disciparam

no vento,outras germinaram na terra fértil e brotar é parte da felicidade

e continuação da nossa própria história em curso

Labor...éis o castigo dos homens na roda da história e de sua

existencia no mundo. 

Charles Feitosa de Souza
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