Madrugada derramou-se no silêncio,
escorrendo pelo rosto da cidade,
evocando sentimentos naufragados,
fez-se dona do momento.
 
Uma sombra solitária colhe estrelas,
dança valsas de infância,
sopra folhas de outonos esquecidos,
faz de conta que é o vento.
 
O luar acanhado lhe corteja,
desvairada lambe gotas de orvalho,
encharcada de desejo, devaneia,
dorme nua ao relento.
 
Véu escuro cobre luz insinuada,
sobretudo em cores escondidas,
noite grávida bordando alvorada,
brilha o dia seu rebento.
 

CARLOS FREITAS DE SENA
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