Nem todos seremos lembrados como profetas,

poetas, estetas de algum tipo de arte,

maestros que somos da própria sorte;

alguns serão bússolas a quem vai para o norte,

outros serão rabiscos na caverna do futuro,

poucos acamparão no pátio do pensamento;

o que esticou e encolheu o tempo

sempre será alvo de reminiscências,

quase pai de algum tipo de ciência;

poremos, quiçá passe mais, do tempo, uma porção,

algum outro deus no súbito trono do panteão,

não rezaremos a invisíveis entidades,

teremos as partículas de tudo

a compor um outro nada,

seremos raios de luz na eterna madrugada,

não haverá fotos pois não haverá paredes,

não haverá água, teremos outro tipo de sede,

a de criar quem nos criou

mesmo sabendo que nunca amaremos

como quem nos amou...

 

 

Prieto Moreno
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