Diga-me:
quem acende o sol toda manhã,
o ensinou, ainda criança, a mover seus braços
originando a luz na terra, quente, amarela,
rabiscando campos, grafitando traços,
entrando, sorrateiro, pela janela?
Diga-me:
quem terá coragem de contar à lua,
(triste, coitada, a andar nua),
que seu amor é de todo mundo,
suas olheiras, seu profundo olhar,
quem irá querer maquiar,
contar-lhe sobre o sol vagabundo
que aprisionou a terra a rodar?
Diga-me:
por onde a fantasia
já que o lugar em que moramos
já se obriga a enterrar a poesia
dos nossos ancestrais,
antes de tudo,
gigantes,
mutantes,
siderais animais?
Diga-me, se puder, como quem ora,
se o que lês pertence a que tempo:
ontem, amanhã, agora?
Prieto Moreno
© Todos os direitos reservados
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