ONTEM, AMANHÃ, AGORA...

Diga-me:

quem acende o sol toda manhã,

o ensinou, ainda criança, a mover seus braços

originando a luz na terra, quente, amarela,

rabiscando campos, grafitando traços,

entrando, sorrateiro, pela janela?

 

Diga-me:

quem terá coragem de contar à lua,

(triste, coitada, a andar nua),

que seu amor é de todo mundo,

suas olheiras, seu profundo olhar,

quem irá querer maquiar,

contar-lhe sobre o sol vagabundo

que aprisionou a terra a rodar?

 

Diga-me:

por onde a fantasia

já que o lugar em que moramos

já se obriga a enterrar a poesia

dos nossos ancestrais,

antes de tudo,

gigantes,

mutantes,

siderais animais?

 

Diga-me, se puder, como quem ora,

se o que lês pertence a que tempo:

ontem, amanhã, agora?

 

 

 

Prieto Moreno
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