De repente, o frio nos invadiu,

Um ar gelado e inóspito, tão vazio,

Uma face tranquila e indelicada,

Pulverizada e putrefata.

 

Um odor embriagante nos tomou,

Pegadas pelo caminho, sem rumo,

E estávamos no inferno? Perguntou o cavalheiro ao lado,

Um príncipe das trevas ou um anjo, admirado?

 

Um, dois, três, quatro... Respirávamos forte,

O medo e os calafrios tomavam conta, sem sorte,

Naquele lugar obscuro, cheio de sombras,

Escutando vozes sombrias ao pé do ouvido, que assobras.

 

Um choro de criança ecoava, mas não sabíamos de onde vinha,

Nos sentíamos flutuando sobre o mar, sem rumo e sem linha,

Nossos amores deixados para trás, em meio a tanta dor,

Muitos morreram antes de chegar à civilização, sem amor.

 

Nossas cores diferentes e nossos bastardos, nus e com fome,

Sentindo uma dor que queimava nas costas, sem nome;

Ouvindo falar em escravidão, uma lágrima no rosto negro caiu...

Rogando a Deus, para que tudo fosse apenas um sonho, pediu.

 

Mas em meio a tanta escuridão, uma estrela cadente brilhou,

E então, uma frase em sua cabeça, "Io L'amo per sempre" soou,

Lembrando-se, assim, de ti, meu grande amor,

Que, mesmo distante, sempre a fez sentir-se melhor.

 

Após noites perdidas e cansadas, uma luz brilhou,

E te veio à mente, como uma imagem que nos acolhe,

Mas logo, a tristeza tomou conta, ao saber que tu partiu,

E que o meu coração morreu contigo, meu amor, meu ímã, meu Luigi.

 

Ciao, l'amore, adeus, meu grande amor,

Que partiu sem pedir minha autorização;

Tu foste o meu sonho, mas a realidade me trouxe

A dor da tua perda, que jamais poderei superar.

Jaqueline Alexandria
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