Choro a Minha Morte Lenta...

O mundo inteiro está acordando, mas eu, não consigo dormir...
Eu deitei-me e quis chorar, levantei-me, e chorei, chorei,
Uma tristeza inquieta, uma angústia infindável,
Chorei o meu choro diário, à parte que cabe a cada dia,
Um choro magoado, infinitamente solitário.
Então, eu tive vontade de escrever, e também de morrer,
Ergui meu punho, pus-me a contemplar meus pulsos na direção do ar,
Levei minhas mãos até o meu peito, e desejei algo capaz de me perfurar,
Algo que não fosse essa dor, esse fardo monstruoso que me acompanha...
Eu chorei, por não ter tido a coragem de lhe dizer, a quem pertenciam àqueles versos,
Eu chorei por todos aqueles a quem tanto amei, e por todos quem tanto almejo amar.
Meu choro constante, infeliz e amargo, e digno de pena...
Eu gostaria de ter lhe abraçado com maior intensidade, mais força...
Eu não estou pronta para mais um dia, não, enquanto não houver a certeza de que este novo dia não será como os outros; enquanto eu não souber que será amanhã, de fato, o dia tão esperado; o dia que eu olharei em teus olhos e...
Então terá valido a pena ter sobrevivido para vivenciar tamanho brilho, tamanha extensão de espírito...
Eu não estou preparada para um dia tão ineficiente como estes dias me têm sido...
Mas aonde lhe encontrar, oh doce Fera? Oh predestinada Bela? Como lhe chamar a atenção para alguém tão despreparada quanto eu?
Eu só preciso lhe encontrar... Pra resistir à Morte, com seus encantos tranqüilizantes...
Eu não mais quero me revolver só e triste, cheia de lágrimas, em meu leito amaldiçoado...
Eu me recuso a dar um único passo, sem estar convicta de sua existência, oh, minha tão ambicionada estrela, por onde vagueias?
Se não se apressares em aparecer-me, juro-te, eu mato-me, mato-me quantas vezes forem necessárias. Sem você não há Vida, sem você não há saída, a não ser a Morte.
E morrerei certa de ter sido infeliz enquanto houvera Vida em Mim.
Não basta respirar, se o coração está só, e repleto de dor, não basta a Vida,
Pois até mesmo a Morte pode ser bela se estiveres comigo.
Eu choro a minha Morte lenta. A perda de mim mesma.
Onde estás?

13/03/06