Eu acredito não poder omitir-lhe, minha amiga,
Que eu me apaixonei por sua simpatia deturpada.
E por este amor, gerado na sua mais finura incondicional de uma amizade, incorporável em meu ventre, eu sou capaz de lamentar ter nas mãos uma existência dobrável, que em nada lhe apraz.
Eu já estou farta de dedicar os meus versos para anjos incógnitos, que sempre estão de passagem, para aqueles incapazes de descer de seus pedestais inúteis.
Farta de ter os meus sonhos e não poder compartilhá-los.
Oh, adoráveis constelações, fazei-me forte para carregar os dados que me são destinados.
Afinal, minha doce amada pode nunca vir a amar-me, nunca...
E este possível “nunca” é o que me assombra a alma...
Não quero continuar a presenciar os assassinatos de minhas esperanças.
Eu sei que não virás para mim,
E por esta razão, e somente por esta razão, não suporto mais confidenciá-la.
Se não acredita no Senhor, me diga, meu amor,
Quem me tirou do pó para tornar-me dobrável?
Quem és então, o eterno vilão de minha vida,
Aquele que decidiu que seria deste jeito e não de outro?
Quem és o meu carrasco?
Aquele que em sua fúria, não me permitiu possui-la?
Não haverás então um Senhor... Não há de haver, senão, nós.
Vou confiar em você, talvez ele esteja errado,
E tudo nos permitirá, juntas ficarmos.
Quem é que pode com as forças invisíveis do amor?
Fui enlaçada por suas garras.
Ponho-me desde então a sua espera,
A sonhar-te imensuráveis vezes,
Amiga de encantos turvos, tortos,
Estás a vagar pelo meu adoentado coração...
E eu não sei como trazê-la para perto dos meus braços.
Se estiveres disposta a viver intensamente algo inestimável de tão belo,
O momento é este, escuta-me, e, saiba que, por hora,
Estou lhe esperando...
Dissipa-me o desgosto de tê-la visto sob os laços de outras línguas...
10/03/06
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