Anoitece, e com a noite vem o vinho
E com o vinho vem o riso dos amigos
Que se reúnem alheios ao perigo
Que essa amizade possa despertar
A amizade, a treva e um lar
Há um refúgio secreto e modesto
E eu sei que num gesto muito presto
O parafuso esquecido e indigesto
Abre a rolha sublime de um bom vinho
Nesta noite não canta um passarinho
Nem sequer desabrocha uma flor
O poeta não diz "vem, meu amor"
E nem há suicidas na janela
Mas eu digo que a lua é mui bela
Que passeia quando em quando na janela
E há três copos de negro esplendor
São como ovos gestantes de desejo
Seu conteúdo retinto eu bem vejo
Nos presenteia com intenso torpor
Se eu pudesse diria "meu amor
Me espere
Não vá, que eu vou agora"
Sétimo Sentido
Sétimo Sentido
© Todos os direitos reservados
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