Que métrica é a do silêncio

Que métrica é a do silêncio

O silêncio por vezes são as palavras certas,
O dissabor do ruído, que fica em nós mudo,
É bem mais certo, que as mais certas setas,
É a conta, o peso e a medida do profundo!

Quanto custa saber medir o silêncio?
Custa tanto, quanto poder suportá-lo,
Quanto se ganha em poder guardá-lo?
E libertá-lo, qual seu real dispêndio?

De que são feitas as preces do secreto silêncio?
Quantas palavras se acertam do compêndio?
Sofrem os corações, mas escondem o incêndio,
Sabe Deus, por vezes, o seu grande sacrifício!

Quanto custa o silêncio de um bom pai?
Ou quanto fere o silêncio da boa mãe?
Quanto sofre às mão de quem a ele sai,
E por quem morre ela a trata com desdém!

O que sofre no silêncio o bom amigo,
Que dá voltas e lhe dói tanto o umbigo,
Por vezes a fala não se vê senão no silêncio,
Valoriza então o que te trás esse benefício!

Sofre no silêncio mas não pares o teu choro,
O primeiro comove-te e o choro desabafa-te!

Autor: António Benigno
Código de autor: 2014.02.28.22.18.04.06
— com Silencio.

António Benigno
© Todos os direitos reservados