Vem de ti, quando erras pelo areal

a longe teu palácio de cristal

olhando, toda a candura infinita,

o orvalho que dos olhos do eremita

fulgura numa manhã radiante.

 

E, como se isso não fosse o bastante,

vem de ti as alvas pombas do céu,

dos campos lautos o fagueiro mel,

os anjinhos que brincam no ribeiro.

 

O teu olhar casto é um celeiro,

onde se encontra da vida o tesoiro,

onde resplendem os sonhos vindoiros.

 

Teu perfume na corbelha de flores

causa no seio intensos amores.

 

O mundo nas águas alabastrinas

beija a chama das tardes purpurinas,

e aos teus pés de cetim fica curvado.

 

É tão fascinante o berço dourado,

nessas lapas clementes o sacrário,

sob a lua o cântico portuário,

uma viola a alvorada evocando,

cindindo as relvas o vento soprando.

 

Vem... vem de ti a chuva na paragem

e  a gota que reflete tua imagem.

 

Alexandre Campanhola
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