Eis que quando anseio pela satisfação carnal,
Meu espírito, controverso a este podre desejo
Mostra cenários os quais enxergo, mas não vejo
E, de fato, reconheço o paradoxo da matéria e do espiritual.
A carne quer se chafurdar em deleites, em furores.
Há algo de nobre na alma, então, embora exista o querer físico,
Inflamado, momentâneo, efêmero, sujo, tísico...
Ante o qual a mesma exclama suas opiniões e pavores:
"Porque eu não sou como um animal selvagem
O qual cede ao instinto da paixão. O amor do qual eu falo
Vai muito além do amor carnal, o de Messalina e Sardanapalo,
Falo de um sentimento eterno, que sobrevive a cada viagem.".
Retruca então a carne: "Porque eu almejo a adrenalina do momento,
Sentir, mesmo que instantaneamente uma parte do infinito.
O eco é belo, posto que não se eterniza o mesmo grito.
Quero que aquela vez seja o primeiro e último sentimento!".
Em uma mesma essência, sempre o conflito destes dois.
O que é pudico e impudico? A graça de um, ou do outro, o pecado?
E pecado é, ceder à natureza humana e ter consumado
O instinto que, de certa forma é impelido pela alma, pois?
A contradição complexa de um e outro... Fascinante!
O ser humano é tão completo por suas partes, por seu todo...
Físico e espiritual: Cara ou coroa? O novo ou o lodo?
Os dois são um só, são o humano, o eterno e o instante.
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