Dos Negreiros as fazendas


 
          Negro, guerra, escravidão
         Dignidade perdida no mar
Famílias, cultura e lar
Despedaçados entre as ondas
Açúcar, café e açoites
Sol, frio e tronco
Senzala, correntes outros açoites
Sangue, gritos e cansaços
Gerações se foram
Outras nasceram em solo Varonil
Outro grito se faz
Nascido a meio hostil
Plotados nos pés
Na ginga dos guerreiros
Angola dança capoeira
Das senzalas ecoou...
Novos gritos de liberdade
Zumbi, exímio guerreiro
Livres pelos pés
Na ginga de preto
Foi lida a carta
Preparada de enganação
Liberdade imediata
Outras escravidões preparadas
Findou-se a monarquia
Veio a república
A dignidade não veio
E a capoeira ainda clama
Reconhecimento a luta
A escravidão não exclusiva
De etnias definidas
Hoje os escravos não estão de correntes
Nem em senzalas
Nas fazendas, carvoarias e serrarias
Nos comércios a mineração
Cultivam alienados
Suas escravidões
Indignidade naturalizada
A capoeira hoje te chama
Nas gingas e nos pés
Organizar suas defesas
Nas organizações sociais
Exigir democracia e direitos
Trabalho digno não a escravidão
E nunca fechar os olhos
As novas formas escravistas
Dos novos senhores de escravos

Joari O. Procópio
© Todos os direitos reservados