A mais larga contém mais ouro, é para meu amigo.
A outra para meu amor.
Que ironia!
Ás vezes acho que sou casada. Mas até hoje nenhum homem me comprou um anel.
As alianças que tenho, uma foi-me dada por uma mulher e outra eu roubei de uma mulher.
Como aliança é o símbolo maior da fidelidade,
só devo a tal, para as doninhas que de uma forma ou de outra me proporcionaram estas gentilezas.
Não carrego o peso da aliança, como dizem por ai...
Pois ser fiel a um amigo é mais que um prazer, e se vingar de um inimigo é um prato que se come frio.
A dona que me deu a maior aliança, hoje vive bem, e assim diz: Que Deus o tenha aquele ordinário!
A outra, a que foi roubada, vive a falar: Estou ótima, pus a fila pra andar!
E eu que achava que só uma aliança não me bastava, vivo sem ter tempo nem pra chorar.
Saio de casa de manhãzinha, trabalho o dia todo e só consigo voltar lá pelas tantas da noitinha.
Mal engulo e já é hora de dormir e fazer a mesma rotina no outro dia.
Passo o dia sonhado...
Com vontade de namorar... Tirar uma soneca... Ouvir Sergio Reis... Ler um bom livro... Mas que tempo tenho?
Marido, filho, filha, filha, cachorro, vizinhos, trânsito, patrões, clientes, ufa... Ufa...
Isso é que dá não se contentar com o que tem...
Vivo a fadar, enquanto as doninhas que não usam aliança vivem cheias de amor a dar.
Vanuza Lima
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