Carta de Renúncia

Entreguei-me em prantos, pela morte erguido
Nas batalhas de sangue em que tenho lutado.
E, com força, a vida tem me derrubado
Colocando-me ao longe, num canto esquecido.

Mas se tenho por vezes sido derrotado,
(Ou se prefere a vida, que me chama de vencido),
Não há porquê lutar com o corpo ensangüentado,
Não há porquê gritar, se jamais serei ouvido...

Por isso sofro a lágrima lançada pelo amor.
Por isso abro mão de tudo que não tive.
Esqueço-me no breu, pois em todos sempre existe:
Sendo a prova mais real que meu redor é interior!

E sigo rumo ao caos que a desordem me escolheu.
Assim, plantei meus frutos, assim colhi sementes:
Ao olhar fora de mim, vi pessoas tão somente
Que provaram a cada dia que meu próximo sou eu!

Mas a vida deveria começar pela emoção,
Na explosão de sentimentos que traduz a poesia.
(Que nos faz querer a dor ao invés da anestesia!)

Pois se nós não nos calarmos, as pedras nos calarão.
- E escolhi morrer gritando, a calar meu coração!