Esfaqueie minha boca
com um beijo venenoso
babando
todo o meu rosto.
Cause-me desgosto
com um beijo malicioso
quase dizendo
que já foi.
Faça com que me sinta
um boi
indo manso
para o aconchego do matadouro.
Prepare mortalha de ouro
e me sepulte
vivo
de vez.
Mate-me com o sol estorricando a minha tez,
e venha nua vestida só de pele.
A humildade não é algo que revele
toda a sagacidade
de uma sádica
que me mata aos poucos entre sorrisos.
Mate-me!
Pois disso preciso
para poder viver
novamente.
Para poder mastigá-la na ponta dos dentes
e sorrir satisfeito
enquanto me embalo
na geografia do teu peito
e durmo o sonho dos justos.
Eu sei que não te entendo.
E sei que é em parte o custo
de te amar demais
e só para mim.
Por isso mate-me,
e deglute-me por inteiro.
Mas não me convide para o enterro
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