Eu ando exalando um cheiro nostálgico
Minhas mãos, meus pulsos,
Embebedados de algo venenoso
Consumidos de um tremor que se deleita do susto meu,
Do perfume meu, da cor minha, da minha pele.
Meu ar de menina
Eu venho perfumando a sala-de-aula de um silêncio,
De um cor-de-rosa triste
De sorrisos corroídos
De olhares magoados
De um coração ferido
Soluços vomitados
Suspiros cortantes
Aromas angustiantes
Os ruídos de meu corpo
A necessidade de um descanso, de uma atividade.
Ermos caminhos, brancura terna,
Marcada, murcha, fraca, gasta.
Preces dementes, peito fremente, dor precisa, oscilante, murmúrios calejados.
Amargura pungente, o mesmo desejo quente,
Dos beijos ardentes
Não sentidos
Inexistentes
Dos carinhos fogueados
Dos minutos preciosos em que eu tento, em que eu me esforço, em que eu parto...
Ao som do nosso silêncio
Das nossas juras quietas, escondidas.
Das nossas falas entardecidas, abortadas.
O tempo em que eu me afogo sob teus olhares
Tua imagem
Teus lábios sufocantes
Teus seios, produzindo o calor que minha alma almeja revestir-se.
Teu rosto, sábio, concentrado em fervura, em doçura.
Tuas mãos finas, nobres, pequenas, sozinhas...
Eu desejo que sejas minha
Que abrace ao tudo que meu corpo é capaz de dar
O calor apaixonado
A pulsação sôfrega, amante.
O coração possuído de amor puro, autêntico, maravilhado.
Quando os segundos te levam de mim eu penso em correr
Agarrar-te, agarrar-me a ti.
Deixar-te uma lembrança forte
Voltar, eu, emoldurando nossa forte atração.
Nosso amor encontrado, um achado.
Um momento eterno, sempre vive.
Ora calmo, ora choroso.
Admirar-te a beleza exagerada, toda a penúria da gelada candura, que te abriga...
Que vez te ilumina e vez te escurece
Meus desejos palpitantes, embriagados de coragem...
Ora dominados de silêncio
Empobrecidos pelo medo
Sorrindo de visível desespero
E assim sozinha
Adormeço com a minha quietude, com o balanço de tudo.
Com a minha abusada pretensão de desnudar essa fraqueza,
De romper em palavras o amor que por você eu sinto.

Na escola, 18/05/05