Por quê  essa solidão?

Por quê esse vazio?

São tantas as emoções nas minhas noites de delirio.

Brotam as lágrimas,

sinto cortar minha alma, a esgrima

da saudade, do que ficara no caminho.

Por quê essa melancolia?

Desejo chorar, gritar, todavia o riso estampa

minha face.

É o meu disfarce.

Por quê? Ainda sinto a menininha que ficara  no campo, descalça,

a observar o por do sol,

cheia de esperança,

ao lado de uma outra criança,

o irmão.

Recordações, que embalam

o que vai no meu eu.

Este plasma  não pertence à mim,

sufoca-me como asma impiedosa.

O inferno de Dantes e suas descidas.

Rogo a brisa caridosa,

que amenise essa dor implacável.

que sutilmente esmaga minha alma,

Quero a resposta para ceifar

o vulção que desperta

com a sonolência do sol,

a jorrar a carminda dor do coração.

Por quê?

 

Socoro Vieira
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