Posso ter outros caminhos,
outras ruas, opções.
Posso ter outros amores,
outros sonhos, ambições.
Mas é a Raça que estou seguindo,
neste caminho que estou tomando.
O meu caminho faz-se caminhando… e caminho:
nas mãos
levo cravos pintados de negro,
e nos ombros,
pedras lançadas ao meu castelo
… e caminho
ao encontro da madrugada que fecundou Abril
e pintou o meu sorriso das cores do Maio.
Posso ter outros amores
mas é da Raça que estou falando.
O meu caminho faz-se caminhando… e caminho:
na voz
levo a palavra liberdade
e no punho
a vontade marinheira de ser português
do Ser Português Aqui e Agora
no país que criou Camões, inventou o Fado
e legou ao mundo a palavra Saudade.
O meu caminho faz-se caminhando… e caminho
ao encontro do poema que fecundou Abril,
e devolveu a palavra ao Maio amordaçado.
O meu caminho faz-se caminhando… defraudado, acossado, mas caminho: no peito
levo a fúria de uma Raça enganada
e na raiva
a procura duma nova madrugada.
Mas caminho.
Que importa a cor do meu arco abatido?
- Se o meu arco, é o arco do triunfo
e tem a cor do cravo de Abril
e o cheiro a liberdade das flores do Maio.
Que importa se carrego um rosário de pedras?
- Se caminho no sentido da Raça,
ao encontro de ser português aqui e agora,
de ser português na minha praça.
Que importa se levo ao pescoço a corda de Moniz?
- Se no punho levo a espada de Afonso
e nos braços a força marinheira de Henrique.
Que importa o caminho pejado de pedras?
- Se no bolso levo as sementes de Diniz
e nos passos, o chão do mar português.
Que importa se os filipes
tomaram de assalto o meu castelo?
- Se caminho passo a passo, pedra a pedra,
na peleja da minha raça,
até que expulse os estranhos da minha praça.
O meu caminho faz-se caminhando… e caminho.
Posso ter outro querer,
outros sonhos, ambições.
Posso ter outros amores,
outras ruas, opções.
É este caminho que estou seguindo.
É neste amor que estou pensando.
O meu caminho faz-se caminhando…
e caminho… e caminho
até que almeje a Raça de Camões!
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