REDENÇÃO
(flor dodeserto)
Levantei-me de madrugada
a meio da escuridão que enche a minha alma
e fui para o deserto
em busca do silêncio
e da brisa que me acalma
e esperei que o vento levasse
a tormenta que a escuridão me impõe.
Esperei que o eco da minha angústia se perdesse
nas areias serenas do deserto;
esperei que a minha aflição se escondesse
para além das dunas do sofrimento;
pedi ao vento que levasse o meu tormento
e meu desejo satisfizesse…
e orei.
Desejei que no deserto se ouvisse o meu lamento
… e reparei que não estava só;
que o caminho por mim percorrido
tem as marcas do tormento já vivido
em passos doridos à procura da redenção
e foi então
que reparei na flor do deserto que sorri para mim:
Diz-me qual o teu segredo! – pergunto.
Tu que pouco tens e nada reclamas
que apenas uma gota acalma a tua aflição
não recusas o teu sorriso a tua cor
e enches de luz a minha escuridão.
Então percebo a profundidade do amor.
Por essa razão dobro os joelhos,
inclino-me perante a flor antes de partir
e peço ao vento que leva o meu tormento
que me traga a gota do sorrir
e o amor que me couber ao regressar
com o mundo o irei repartir.
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