VERSOS PORTUGUESES

Em geral, amar não é de todo mal...

Nem quando o cachorro da amada rasga o jornal

espalhando notícias por todo o quintal,

boas e ruins, notícias desse mundo sem fim,

que se misturam às rosas e samambaias,

se enroscam nos caracóis que saem para tomar sol,

mancham, no varal, suas alvas saias,

ainda late, num português arcaico,

em sol bemol...

 

Nem quando deita-se ela e choraminga que está naqueles dias,

me pede, com voz doce e chorosa, que eu lhe leia poesias

de Florbela Espanca, e eu, sem fanatismo, corro ao livro

e deito a ler estes versos portugueses

que na alma causam tanta sede

que caem lágrimas de ternura

e vão ao chão no balanço da rede,

pérolas numa noite escura...

 

Se tanto amo e não me furto a beijos roubar,

sei que assim por toda a vida isso farei,

sei por saber que a amo e vou amar

cada sorriso que dela ganharei...

Prieto Moreno
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