Com Todo o Amor dos Céus, Peço-lhe Permissão...

Meu corpo é um vale de lágrimas e meu coração um precipício de lamúrias...
Meus sentidos são ocos e o meu olhar de tão silencioso, andas mudo.
Minhas palavras irredutíveis em suas observações terrivelmente estúpidas...
Minha delicadeza extirpada afaga com ares lânguidos a minha pele ensebada de tédio.
Se tudo flui, eu não vou fluir. Se as luzes se esvaem, eu não vou correr contra.
Quando as manhãs nascerem verdes, sufocadas pela intolerância dominadora de algum espaço, o meu ser entenderá e será infrutífero por longos dias... E quando as noites, por ventura, chegarem cor-de-rosa, eu saberei decifrar a doce melodia que hão de soprar os ventos afortunados. Minha alma é um jazigo de violentas dúvidas.
Nada me satisfaz, tudo me enoja e não me faz sentir-me desse mundo. A solidão me atrai, e ao nosso romance trovadoresco, trai. Eu sou uma perdedora. Meus sonhos são como abismos, uma mágoa que me consome. Eu não sei amar. Ninguém me ensinou a viver. Eu não sei querer. Sou tão vazia. Eu não gosto de me misturar, sei não ser capaz de uma homogeneidade. Meu silêncio expressa minha fraqueza. Minha voz declara meu submundo confuso, disperso. Meus gestos são insanos. Minha sandice me faz incomum, sendo eu, tão igual a qualquer um... Minhas memórias são como pedras, como golpes covardes. Eu choro, do poço turbulento onde repousa toda a minha desgraça, águas, ondas, lágrimas. Choro, a crucificação imperdoável de um herói mundial. Choro, o deleite inglês, colossal e pérfido. Choro por todos os séculos que ainda estão por vir. De repulsa. De indignação. Aprisionaram um anjo cheio de maravilhas e constelações intelectuais. Odeio a idéia de viver entre pessoas capazes de crimes tão monstruosos. Hediondos são vós. Magníficos Lúcifers disfarçados. Que as trevas os engulam e me permitam assistir ao espetáculo da justiça primordial.

Ao Meu Amado e Muito Querido Oscar Wilde.

06/03/06