TRILOGIA FINDA

 No momento fecundo do ósculo do sol e a terra,
Eis que por vago momento, A Poeta recupera
a razão e percebe que foi tudo amor em vão.
Percebe o relacionamento em uma única mão,
onde só houve o outono e o inverno, sem o
desabrochar no limiar de outra estação.
Então a Poetisa anônima desperta da ilusão,

passa a ser rosto comum na cega multidão.
Assiste a fécula do amor empobrecido, pairar
incrustado nas pedras, com receio de ser
novamente ridicularizado pelos leitores.
Então o inexorável acontece: Abre-se a 
Caixa de Pandora e jogam-se as pedras em 
formato de coração na escuridão eterna.
Não há último olhar, nem flores, nem lágrima.
Sem vestígios de beijos, sem remorsos, 
fecha-se assim em definitivo a caixa de desejos.
Termina a trilogia, o sofrimento e a mágoa.
Jamais Pandora será içada por outra aprendiz
de amante, ou de uma Poetisa desavisada.
Lá no fundo do buraco negro viu-se apenas
um  par de olhos verdes chorando saudades.

Ninguém falou ou tentou nada, nem vestígios
sequer haviam do nome e sobrenome do amado.

 

railda masson
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