O concreto
Armado
Vai invadindo
Cada canto
Cada recanto
Da cidade
Que aos poucos
Se desfigura
Se transfigura.
 
Ancestral batalha
Entre o moderno
E o antigo
Entre o concreto
E o abstrato
Entre o sonho
E a realidade.
 
Os velhos quintais
Onde cantavam pássaros
Cada manhã
Se veem tomados
Por montanhas
De cimento e ferro!
O verde dá lugar a um cinza...
 
Até onde iremos?
O que restará de nós?
 
Parece que nossos corações
Também são invadidos
Pelo concreto
Que nos desarma
Nos endurece
E já nem sabemos quem somos
Nem o que somos
Nada enxergamos
Além dessas muralhas
Barricadas
Prisioneiros
Da guerra que,
Contra nós mesmos,
Travamos.

cezar augusto cerqueira
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