O BEIJO, EM RODIN
Entrelaçados convulsivamente
no penetrante palpitante agudo
enlace de seus lábios insistentes
premidos a ferir em sombra luz,
elevam-se no ritmo do desejo
(as cabeças pungentes e pendidas)
como se em breve a floração da vida
roçasse o véu da morte à vida preso,
entretecidos como se depois
já nada mais houvesse a descobrir,
trepam na derradeira despedida
a sensação de ainda serem dois:
e sobem cingem, líquidos, vertigens
do momento supremo do destino,
as duas bocas – uma – perseguindo
cativas o segredo das origens.
De estórias na arte
António Salvado
© Todos os direitos reservados
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