Quando chega a perdição, fica uma escuridão n'alma.

Em tudo, permanece uma cegueira mórbida, silente e calma.

Vendilhão espiritual o qual concentra uma suave melodia...

Música distante a consumir lentamente o nosso dia...

 

Como se fosse um pesadelo, algo indefinido, um tipo de trauma,

As sombras impalpáveis parecem espreitar e meu ser s'acalma

Como se pressentisse a morte chegando, sonolência sombria,

Música distante a consumir lentamente o nosso dia...

 

Noite espectral onde, súbito, um corvo imaterial me fere com seu bico.

E parece-me que da pústula, a sombra d'alma escapa, mas eu fico,

Em corpo, inerme contra qualquer coisa que o meu espírito invada...

 

Nunca mais verei a luz, posto que escolhi as sombras da estrada.

Vou por ela cantando esta língua que aprendemos somente na sombra

E o canto cria um escuro infinito, tragando a mente e alma em lombra...