Sois a insídia mortal
que cobre o meu corpo
e destrói meus pensamentos...
como é difícil ser imortal e ser feliz!

Sois a serpente que lambe em meu peito
o sangue derramado do meu rosto...
e se transforma em segredos
que se perdem na solidão
e que carrega em seus medos
a dor e a destruição

Como é difícil
fechar os olhos
deixar o vício
cair em prantos
e sorrir!

Sois o taburno que se fecha
deixando-me na escuridão...
sois o alvitre de uma esperança
que se perde no tempo
para em cada momento
se fazer presente

Como é difícil
estar ferido
com as mãos no rosto
escondendo o disfarce!

Como é difícil
sentir a dor
de ser difícil
e perceber
que os outros
estão percebendo...
Como é difícil!

Poesia que alcançou o primeiro lugar no II Seminário da Ceia de Língua e Literatura; publicada no livro Ceia Literária 2 – 1983; e jornal A Verdade de Baturité – Ceará, em 21 de Novembro de 1982; e musicada pela Golden Music.

Fortaleza, Ceará

Carlinhos Pink
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