Menina dos olhos pretos
da alma enfumaçada
pelo incendio dos dias nas noites
menina que pensa ser mulher
mulher que vira menina
no travesseiro molhado
de perfume vazado do coração despedaçado
precisa do espelho para enxergar
sem os olhos
os óculos escuros escondem a janela
quebraram em pedacinhos miúdos a sua crença
não sai dos sessenta por hora
não avança e nem retrocede
felicidade é a marca daquela velha máquina de escrever superada
se perdendo no porão escuro
o aluguel vence,a fila anda, as contas vencem e o tempo corre.
a possibilidade arranha a tampa do caixão
até sangrarem as unhas, mas ninguém escuta.
no baile à fantasia, o traje escolhido foi o de Tudo Bem.
Nada mal...
Porisso vou icinerar meu enloucabrado coração e misturar à minha revolta
para compor a tinta com que lhe escrevi cartas de amor inocentes.
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