Ora, sou bolha de sabão,
em mim não caibo
e dissolvo no ar;
ora, sou litosfera,
sob mim o mundo
e tudo que nele há;
ora, acredito
em Deus piamente;
ora, me vejo
agnóstico e descrente
e, feito mineiro em túnel sem luz,
não consigo separar o carvão e o ouro.
A música clássica diz tudo,
não obstante seja indecifrável;
aliás, enche a mente
da gente de caraminholas.
A sonoridade lúdica das sinfonias
arranca de mim todos os sentidos
e os leva para as alturas
e me põe num pêndulo vacilante;
de lá eu idealizo tantos instantes
que até me pareço eterno
tamanha a eternidade da história
ou estória engendrada
e que no final das notas, não dá em nada,
posto que os atos são encenados
no palco da vaga memória embriagada
de um ser lunático, vate e aleatório.
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