NO CEMITÉRIO, O ÉBRIO...

 

Eu canto à vida, amo minha pouca saúde

no limite supremo de minha embriaguez.

Machuco as cordas do meu alaúde...

Aqui sou companheiro e a vida não tem vez!

 

Sinto as brumas da madrugada em minha tez,

o vento frio rumoreja no escuro ceú.

Vejo na lousa o nome de um prisco francês

e está feliz da vida, também, já morreu!

 

Não me espanto com uma árvore neste breu,

mesmo que seja pavorosa e apodrecida;

nem com o aroma - perfume de quem jazeu -

tampouco com sua imagem: falta de vida!

 

Não consigo temer nada... foi a bebida.

A turba me olha atenta... atonia de cruz.

É nobre e bela a lousa de minha querida,

nem a lua nesta jardim emite luz!

 

Às vezes, embebo as brumas, os peitos nus...

Na triste vida sempre fui um renegado.

A única mão `stendida  - foi a de Jesus -

espero muito que um dia eu seja perdoado!

 

Sou atroz, creio que padecerei calado;

O vinho já não tenho, a saúde também!

Nesta vida estive sempre ébrio e sepultado...

e, triste, não fui visitado por ninguém!

 

 

Alexandre Campanhola
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