É o tal sentimento de sempre, de sentir preso como numa encruzilhada, como se fosse emboscada com a boca aberta só digerindo tudo aquilo que um dia foi delícia.

Desce, vai descendo, com hálito quente e depois sucumbe no ato, sou esse fato, bebo tudo que é fogo, e, explodo.

Tudo, rasgando o susto do silêncio desfaço, mudo, e vou. As sombras das árvores debaixo do seu abraço é alento, o mais puro talento.

O assunto contudo parece satura, dizer o que se sente, tudo, dentro. Nada de sua nuca, só boca aguada.

No fim, o máximo é ser nada, é ter nada e só esperar o que diz tua senda.

Como se contemplar o Sol do seu sorriso já não fosse o bastante. Como se toda a métrica não pudesse mais conter a ventania, ou não conseguisse esconder os estilhaços após o furação de te querer.

Agora, o artista sou eu, não passo de delírio, de um tudo que virou nada, daquele que morre por você mas só é visto como morte.

A calma apressa a alma, fogosa, pujante busca, mesmo que nunca concretizada, simplesmente por amar demais.

 

 

Luiz Belchior
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